Este país não é para velhos - o tanas!
Volta e meia, infelizmente, estas notícias sobre os maus tratos a idosos, principalmente em lares entram-nos pela "porta adentro" e dão-nos uma chapada da realidade por este país fora à qual, muitas vezes temos os olhos com "óculos de sol" que nos protegem de tamanhas barbaridades que acontecem dentro de paredes. Umas vezes na casa ao lado, numa família que não respeita o mais velho, o idoso que muitas vezes precisa de cuidados especiais, outras vezes, dentro de quatro paredes onde alguém confiou deixar um idoso à mercê de indivíduos que valem pouco.
Nós sabemos, todos, que os lares escondem muita coisa, principalmente lares ilegais, que pessoas recorrem por talvez os valores dos lares legais não serem para o bolso de qualquer idoso ou família neste país. No entanto, quero sempre acreditar que se vai em busca de algo com condições para "os nossos". E vejamos, se até nos lares legais há tanta coisa má...
Dentro das famílias já temos assistido também infelizmente a notícias de maus tratos, logo não fico assim tão espantada quando vêm de lares. Eu sei que à partida quem tem, quem gere e quem trabalha num lugar destes tem que estar apto para o fazer e ter acima de tudo respeito por quem ali vai encontrar.
É difícil aceitar que alguém compactue com estes maus tratos. Sejam com a falta de higiene, de coisas básicas, com a falta de comida ou com a violência verbal ou física.
Eu tenho uma ligação muito grande com a minha família. Sou muito família. E tenho familiares em lares. Que pagam um balúrdio para lá estar e que jamais pus a hipótese de não terem qualidade de vida lá. Mas convém sempre estar de olho. Perguntar sempre. Visitar. Sim visitar o lar, as pessoas não vão lá parar e depois deixam-nas lá sem qualquer visita, não deveria acontecer.
São assuntos delicados, mas que para quem tem respeito pelos mais velhos custa a entender.
Hoje em dia nada é fácil, parece que andamos sempre a mil à hora ainda que no mesmo sitio sem tempo para nada e para tudo o que só nos interessa. Sem paciência. E cada vez mais, os mais novos, talvez percam esse sentido de família e respeito pelos velhos deste país.
Nós lá chegaremos. E eles. E sinceramente acho que seremos pessoas mais solitárias que os velhos do nosso país neste momento, porque infelizmente cada vez mais eles são descartáveis porque o ser humano está mais egoísta e só pensa naquele que se move à volta do seu umbigo... um dia vai sentir-se na pele o que é ser-se velho e os olhares de "empata" que certas pessoas mandam.
Hoje ama-se menos, com menos respeito, com mais inseguranças e com menos valores. Com muitas expectativas em pouco empenho. Numa experiência que é viver muito o hoje, em que não se investe, não se trabalha no outro, em que o desistir é mais fácil.
Sejamos mais empáticos com essa luta que é geral aos nossos idosos - a incerteza do amanhã, a conquista de um lugar bonito na vida de outros, o carinho, agradecimento e compreensão.
Este país é deles, antes de ser nosso.
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▪Texto em destaque na página do @SAPO