Efeitos colaterais de uma quarentena
Não sei se será o melhor título.
Poderia ser "efeitos secundários de uma quarentena", no entanto, sinto que estes efeitos a que me refiro nem sempre estão em segundo plano. Adiante.
Vivi 67 dias de quarentena. Confinamento. O que quiserem. Saindo à rua por raras excepções e pelo menor tempo possível. Isso, ficarão histórias para contar.
Primeiro estranhei, depois entranhei. Como quase tudo na vida. Novo.
Na verdade a minha quarentena não foi assim tão má e não deprimi, foi o que mais temia sempre. Porque uma pessoa sabe que um pé, neste tipo de confinamento está sempre ali na corda bamba entre o vai ficar tudo bem e o isto vai descambar e eu vou atrofiar e vamos lá rezar a todos os santinhos a ver se a sanidade mental não se vai pelas costuras. Foi mais ou menos assim. Graç'à Deus nunca senti isso e a coisa fez-se mais ou menos bem.
Vir trabalhar fez-me super bem. Mas... há sempre um "mas". Primeiro tive medos até os partilhei por aqui. Muitas vezes por saber exactamente que, não ficará tudo bem para todos e isto está, longe de "acabar".
E nós vamos/estamos bem diferentes. Não necessariamente para aquilo que de início idealizamos. O desconfinar é um processo e tanto. Mas desconfinar da pessoa que éramos é outro processo. O sermos melhores, mais resilientes. Mais solidários, mais próximo do próximo (não necessariamente fisicamente)... não é algo que de repente quem não costumava ser, passará a ser.
Mas quero aqui começar uma nova fase na minha vida.
Queria muito que Junho fosse um mês que me fizesse um bocadinho mais feliz.
Entendedores entenderão.
Acordo super bem disposta, ando super bem disposta. Rio imenso. Apetece-me ser feliz. Ser mesmo melhor pessoa, mas depois há alturas do dia que sou tipo invadida por um mal estar pessoal (não de saúde), mas que não me sinto bem, que não me acredito no - tudo vai ficar bem - que me dá medo, que me deixa frustrada por estar desiludida com algumas pessoas, por continuar às vezes a ter esperança em que sejam comigo como sou com eles. Por ter alguma coisa mal resolvida e que de quando em vez "assombra-me". Por ter o calcanhar de Aquiles a jeito de me magoar. E não quero. Por ter coisas menos boas que não me largam e eu estou cada vez a deixar que me irritem.
Queria muito que Junho fosse uma motivação. A minha continuação num foco que me desliguei e que abandonei o barco não à deriva mas ali a uma rocha perto. Queria muito voltar a ter esperança em pessoas. E estou ansiosa por abraçar pessoas que estou a sentir demasiado a falta de as sentir, que me fazem super bem e que são necessárias para o meu bem estar. E para naturalmente não deixarem a minha sanidade mental pela hora da morte. Estou a precisar de rir com essas pessoas. De desabafar. De olhar só nos olhos porque elas saberão o que eu preciso. E estou aqui de corpo e alma para os meus, para lhes passar esta energia e boa disposição que ainda se sobrepõe aos dias menos bons. E às horas que amolecem.
Junho acredito em ti. E em mim ♥