E a Páscoa está já aí não é?
Quando os dias se aproximam. Quando as possibilidades se avistam. Quando começa a chegar o momento que podes ter que encarar o que não queres, tudo começa a ficar mais difícil. Inconscientemente começas a ter medos. De um momento para o outro vês-te parada no tempo a pensar onde podes encontrar, onde será inevitável que isso aconteça, onde consegues “passar para o outro lado do passeio” ou mesmo a reacção a ter se os teus medos acontecem. Até um dia destes sonhei que tive um acidente por isso mesmo. É mau. Eu sei o quanto e pego em mil e outras coisas que me preencham o vazio de ter pensamentos destes, mas eles assim sem pedir licença aparecem. Abalroam-me e têm sido superiores. Infelizmente. As insónias voltaram. Os pequenos sonhos intensos também. E os cheiros. É fodido é o que é. Antes começava-se a andar em pulgas agora continua-se mas com emoções extremas. Antes eu queria. Agora por mais que não queira lá vem o camião e passa-me a ferro sem eu ter tempo sequer de levantar o braço. Uma chatice. Este medo que não me está a atrapalhar os passos mas que está ali como que um espinho que antes que o consigas tirar vai picando-te o juízo.
Às vezes falam comigo eu respondo mas juro não ouvi nadinha do que me disseram, andava perdida lá no país das leitugas, ou ali ao virar da esquina, ou onde judas perdeu as botas. Sei lá. Isto nem sempre se percebe. Só que estou longe. Mas já não caiem lágrimas como antes. Elas vão secando. Mas a dor continua como uma fisga directa ali ao coração. Hei-de mudar-lhe a sinalização. Quando a ressaca passar. Depois quero ver se isto continua.